Gestão de Recursos

Os problemas relacionados com as mudanças climáticas tornaram-se um tema urgente no mundo dos negócios. Para muitas empresas multinacionais, a sustentabilidade subiu até ao topo da ordem de trabalhos, impulsionada pela crescente procura dos consumidores de produtos de origem sustentável.

No entanto, embora as grandes empresas considerem ter um papel crucial na dinamização da sustentabilidade, a imagem para as pequenas empresas não é tão nítida. De facto, de acordo com o Future Ready Report 2020, 47% das empresas inquiridas afirmaram que a sustentabilidade não era uma "prioridade de topo". No entanto, isto não significa que as pequenas empresas tenham uma apatia geral à sustentabilidade. Ao invés disso, a pesquisa indica que as responsabilidades em redor do estabelecimento e gestão de uma empresa podem frequentemente assumir o protagonismo em detrimento de outros problemas, sendo que a sustentabilidade é potencialmente um destes.

É importante sublinhar que uma abordagem sustentável aos negócios não tem de ser particularmente árdua ou demorada.

Por isso, estamos aqui para mostrar - com a ajuda dos nossos peritos - como as pequenas empresas, coletivamente, têm o poder de criar mudanças com um verdadeiro impacto na sustentabilidade.

Seguem-se os três princípios que os nossos peritos seguem para gerir uma empresa sustentável:

"Os consumidores procuram empresas com um propósito"

Desde o trabalho num fundo especulativo em Londres até à gestão de uma marca líder de condimentos, a CEO da Rubies in the Rubble, Jenny Costa, sempre percebeu o valor que pode ter uma empresa que prioriza a sustentabilidade. Tendo começado por gerir mercados de agricultores aos fins de semana e a vender chutney que fazia com as receitas antigas da mãe, a gama de condimentos da Jenny encontra-se agora em grandes espaços comerciais, desde restaurantes como o Jamie Oliver até supermercados como o Waitrose.

Mas como é que a Rubies in the Rubble alcançou o sucesso ao dar máxima prioridade à sustentabilidade? A Jenny reconhece que ser ecológico se tornou muito importante para muitos consumidores. "Os consumidores procuram empresas com um propósito no seu cerne".

Tendo isto em mente, Jenny diz que, para terem sucesso, é crucial as empresas encontrarem o equilíbrio entre manter o seu propósito e servir o cliente. Dá o exemplo do seu produto mais recente, ketchup criado com peras excedentárias, dizendo que "para realmente fazer a diferença em qualquer empresa com um propósito, é preciso primeiro servir bem o cliente e penso que o sabor (do ketchup) tinha de estar em primeiro lugar, mas manter o nosso propósito, incluindo o máximo de peras excedentárias que fosse possível sem alterar o sabor, também foi essencial."

Ao servir os desejos dos clientes de um produto com propósito sem comprometer a sua qualidade, Jenny encontrou o equilíbrio perfeito entre promover uma ordem de trabalhos sustentável e servir a sua base de clientes.

"Não se consegue correr uma maratona sem dormir e comer donuts baratos"

Como dissemos, muitas pequenas empresas com as quais falámos afirmaram que a sustentabilidade não era uma prioridade enquanto estratégia. No entanto, Jessica Sansom, ex-responsável de sustentabilidade da Innocent Drinks, acredita que cuidar do ambiente não é apenas favorável para o planeta, mas também o pode ser para os lucros de qualquer empresa.

"Mais do que uma escolha, a sustentabilidade é um imperativo estratégico,  um modelo de negócios sustentável tem de reconhecer que se baseia (em recursos naturais e pessoas) e a responder de forma idêntica," afirma Jessica, que acredita que o investimento em práticas sustentáveis pode beneficiar as empresas.

Sendo a Innocent Drinks uma empresa de fruta e legumes, Jessica diz que a revisão das cadeias de fornecimento da empresa expôs um setor agrícola que precisava desesperadamente de apoio. Em resposta, a Innocent investiu em práticas agrícolas sustentáveis para revitalizar as empresas através da sua cadeia de fornecimento.

Jessica indica que, embora fosse “o caminho certo a seguir”, o investimento da Innocent nestas práticas teve consequências importantes. “O nosso investimento nestas práticas sustentáveis levou a uma maior segurança no fornecimento, a uma melhoraria nas relações comerciais e, na maioria dos casos, ao aumento da qualidade dos produtos".

Comparando as empresas com atletas que correm grandes distâncias, Jessica afirma: "não se consegue correr uma maratona sem dormir e a comer donuts baratos. Temos de cuidar do corpo para garantir que conseguimos cruzar a meta.” Da mesma forma, quanto mais as pequenas empresas investirem em práticas e projetos sustentáveis, mais benefícios terão os fornecedores e as próprias empresas.

Colman Chamberlain, CEO do Unreasonable Group resumiu: "Cada vez mais pessoas estão a despertar para o facto de ser possível ter sucesso e fazer o bem, em simultâneo".

"Mudar para criar o impacto necessário no nosso planeta"

O mundo inteiro encontra-se num ponto em que têm de ser tomadas medidas para superar estes desafios. No entanto, para algumas empresas, estes criam oportunidades e não problemas.

Enquanto CEO do Unreasonable Group, Colman Chamberlain sabe como tirar o máximo partido dos desafios. O Unreasonable Group apoia financeiramente uma grande rede de empresários e as empresas que procuram combater os problemas ambientais e sociais mais críticos do mundo.

Mesmo ao enfrentar um dos maiores desafios que a sociedade moderna alguma vez enfrentou, Colman revela que as empresas responderam com otimismo à pandemia da COVID-19. "Quer as nossas empresas estejam a mudar para ter um impacto positivo para o nosso planeta, quer encontrem novas formas de crescimento e investimento, quase todas encontraram maneiras de ter sucesso durante este período de tempo".

Em alguns casos, alguns dos parceiros da Unreasonable criaram modelos de negócios sustentáveis com base nos problemas que pretendem combater. Fiona Spowers, CEO da Riversimple Movement, exemplifica esta atitude de encontrar o sucesso ao resolver um problema coletivo. Ao fornecer aos clientes veículos apenas por subscrição, Fiona e a Riversimple desenvolveram um "modelo de negócios que encoraja a sustentabilidade", mantendo a utilização de recursos ao mínimo e prolongando o ciclo de vida de cada veículo utilizado.

Como disse Vinod Kumar, CEO da Vodafone Business, as pequenas empresas trazem um "espírito empreendedor e uma vontade de serem arrojadas". Num momento em que a sustentabilidade se irá manter no topo das prioridades, porque não aplicar esta mentalidade de empresa pequena aos problemas globais?