Mensagem de Mário Vaz
Presidente do Conselho de Administração e Administrador Delegado da Vodafone Portugal
O ano de 2019/20 na Vodafone, concluído em março de 2020, fica inevitavelmente assinalado nesta sua etapa final pelo surto pandémico da Covid-19. Para além das considerações referentes aos impactos na saúde pública, que se impõem de forma natural a todas as outras, o surto pandémico da Covid-19 despoletou observações muito relevantes quanto ao papel das Telecomunicações. Em particular, das infraestruturas de telecomunicações, no resgate da Sociedade, da Economia e dos Negócios, e de Inclusão Social no novo paradigma de confinamento e de mobilidade mais reduzida, bem como do seu papel futuro numa Sociedade em acelerada mudança e com dinâmicas irremediavelmente afetadas.
Esta mensagem pretende fazer um balanço do ano, em que a crise teve ainda reduzido impacto, bem com a partilha de uma reflexão sobre o papel da Vodafone no futuro deste Sector, muito marcado quer pelo grau de incertezas que subsistem quanto aos impactos da Covid-19 na Sociedade, quer quanto à forma de a superarmos.
O ano de 2019/20 na Vodafone
Relativamente ao exercício económico findo em março de 2020, a Vodafone alcançou todos os objetivos a que se propôs junto do seu Acionista, crescendo em receita, em número de Clientes e na sua relevância no sector (medida e observada em termos de quota de mercado). Em paralelo, e não menos importante, manteve e/ou reforçou uma avaliação muito positiva e de liderança no sector nos diferentes estudos de qualidade, nomeadamente no NPS (Net Promoter Score), qualidade de rede, imagem de Marca, reputação de Marca e melhor serviço de TV, refletindo, na perceção dos consumidores, o esforço que os Colaboradores e Parceiros da Vodafone colocam na qualidade do serviço prestado.
Com Vendas e Prestação de Serviços de 1,1 mil milhões de euros, a Vodafone apresentou um crescimento anual de 5,3%. Crescimento semelhante foi alcançado no principal indicador de negócio, as Receitas de Serviço (5,5%), que assinala, assim, o 5º ano de crescimento do seu negócio, com reflexo num reforço assinalável da sua quota de mercado, seja em receitas retalhistas, seja em Clientes do serviço fixo (Televisão por Subscrição e Banda Larga) - o segmento de aposta estratégica mais recente na nossa já longa história.
O resultado na área do negócio fixo resulta em parte da expansão da cobertura de fibra ótica de última geração a mais de 278 milhares de alojamentos e empresas espalhados um pouco por todo o País ao longo dos últimos 12 meses, permitindo à Vodafone chegar, no final de março de 2020, a 3,4 milhões de casas e empresas, multiplicando em mais de 7 vezes a cobertura inferior a 500 mil (das quais mais de 40% em partilha com outro operador de mercado), que gozava há apenas 6 anos.
Apesar de persistir um diferencial de cobertura face à concorrência mais direta, tal não nos impediu de ser, em 2019, o operador que mais quota de mercado conquistou em termos de Televisão por Subscrição (+1,2 pontos percentuais em 2019) e em Banda Larga (+0,8 pontos percentuais em 2019), de acordo com informação divulgada pelo órgão regulador sectorial. Com efeito, com cerca de 679 mil clientes de Televisão por Subscrição no final de março de 2020, a Vodafone manteve o crescimento anual de dois dígitos neste segmento, o que permitiu que o número de Clientes únicos de serviços fixos ascendesse, no final de março de 2020, a 749 mil. Em termos de penetração da sua rede de fibra, esta chegava, no final de março de 2020, a 21%, o que ganha ainda maior expressão se considerarmos que a maturidade média das células de FTTH é ainda inferior a 5 anos.
Parte central de uma estratégia de crescimento ancorada na oferta de serviços convergentes, o segmento de negócio de serviços fixos afirma-se cada vez mais como o motor de crescimento da Empresa. Com um crescimento anual de dois dígitos em 2019/20, as receitas deste segmento representam mais de um quarto das receitas de serviços de telecomunicações da Empresa, esperando-se que o seu peso possa continuar a crescer à medida que são adicionados mais alojamentos e empresas à nossa mancha de cobertura FTTH.
Estes resultados alcançados não são meramente circunstanciais nem resultado de um contexto particularmente favorável. São, antes de mais, o resultado de uma estratégia de longo prazo, focada no investimento. Investimento na rede fixa (mais de 400 milhões de euros foram investidos desde 2013 na expansão da rede de fibra), na rede móvel (amplo plano de modernização da rede móvel e de expansão da cobertura 4G), na constante adaptação dos canais de relação com os Clientes - sejam eles digitais (nos quais destaco o ‘My Vodafone’), sejam físicos (onde se inclui a modernização da totalidade da rede de lojas) -, ou ainda na vertente de reforço das qualificações humanas dos seus comerciais, nomeadamente na área empresarial onde temos vindo a assumir um crescente papel de consultoria e parceria na transformação digital do tecido empresarial português. Uma política de investimento comprometida e alinhada com os desafios do País, focada no futuro e acompanhada de uma superior orientação para o Cliente, observável na liderança, quase plena, dos principais indicadores de perceção e recomendação dos Clientes.
A Vodafone, em linha com a sua atuação histórica no mercado, foi particularmente ativa com várias iniciativas de responsabilidade social, seja através da Vodafone Portugal, seja através da sua Fundação, o que foi especialmente notório na ajuda ao esforço coletivo nacional de controlo da Pandemia, fortalecendo o vínculo da nossa Empresa com a Sociedade, enquanto propósito último da nossa atuação: satisfazer as necessidades de comunicações de todos, principalmente dos que se encontram particularmente vulneráveis, e tendo em vista um melhor futuro para todos.
A Estratégia e o Futuro
O resumo síntese do ano transato e os resultados alcançados são prova suficiente da sustentabilidade e assertividade da nossa Estratégia que, na sua essência se mantém, mas que as incidências dos “novos tempos”, fortemente marcados pelas consequências do surto pandémico da Covid-19, naturalmente nos obrigam a revisitar e a ajustar.
A afirmação da Vodafone como Empresa Líder em Tecnologia de Comunicações, que promove a Sociedade Digital, ganha, de facto, uma nova dimensão e acuidade no âmbito da Covid-19. Com efeito, a aceleração forçada dos modelos de trabalho, de produção, de comercialização, de socialização, de entretenimento e de educação, reforça a essencialidade das tecnologias de comunicação e das ferramentas digitais.
Esta transformação acelerada decorre num contexto marcado por uma expectável forte recessão económica, em que o tempo, o modo, e o nível de sucesso da recuperação da economia estará fortemente influenciado pela eficiente articulação, por um lado, da resiliência e do compromisso das Organizações e da Sociedade em geral e, por outro, da capacidade de execução de políticas públicas consistentes, reformadoras, inclusivas e baseadas numa estratégia de médio/longo prazo.
No que diz respeito às Organizações resilientes e comprometidas com o País, urge assegurar que as empresas de telecomunicações que têm dado prova dessa resiliência – e nas quais a Vodafone se inclui, acumulando “créditos” históricos, um propósito, uma estratégia e todo um empenho da Equipa de Gestão, do Acionista único, dos seus Colaboradores e da sua rede de Parceiros –, assumam um papel central nesta recuperação, e que o mesmo seja relevado pelo Governo e pelos Reguladores.
Papel nuclear que resulta da essencialidade da tecnologia das comunicações, enquanto suporte de uma economia e sociedade digital, como bem ficou provado no período de contingência e cujos aspetos transformadores têm de ser potenciados por via:
- da criação de condições de atribuição de espectro compatível com rápidos aumentos de capacidade sem colocar em causa os elevados níveis de qualidade das redes;
- da garantia de uma transição entre tecnologias que tenha em linha de conta os timings necessários para capacitar as empresas, os cidadãos e a correta aplicação / priorização do investimento, balanceado pela necessidade de criação de polos de inovação e dinamização de novos modelos de negócio;
- de uma visão de médio/longo prazo que garanta a sustentabilidade do Sector, a qualidade dos seus recursos humanos e o nível de inovação e competitividade que qualificam os operadores nacionais como empresas de referência no espaço europeu;
- da desburocratização processual que penaliza a velocidade de implementação dos projetos de transformação/adaptação das redes;
É inquestionável, pois, o papel potenciador e dinamizador da transformação da Economia e da Sociedade no sentido de uma maior digitalização que este Sector assume, em particular os Operadores sólidos e devidamente capacitados para dar resposta às exigências atuais e futuras de uma estratégia nacional ambiciosa.
Estes são princípios que deverão nortear, assim que for levantada a suspensão do processo do leilão de frequências para o 5G, a atribuição de licenças, o seu calendário, a respetiva estratégia de implementação e encargos associados aos operadores envolvidos, ao contrário do que era pressuposto e objetivos da versão em discussão antes da pandemia.
Garantidos estes princípios a Vodafone Portugal, cumprirá, como sempre o fez, o seu desígnio de ajudar o País a ser mais Digital, mais Inclusivo e mais amigo do Ambiente, os três pilares que dão corpo ao nosso propósito e que veem reforçada a sua importância no contexto atual.
Propósito, estratégia e atuação que assentam numa cultura e espírito organizacional da Vodafone Portugal que inova, testa e se adapta rapidamente para garantir a contínua melhoria da relação com os Clientes. Que trabalha virada para o futuro. Que atua de forma próxima e consistente entre as diferentes equipas e com os seus Parceiros. Uma equipa que beneficia da partilha de experiências com outras operações Vodafone, mas que se motiva e envolve em permanência no compromisso de garantir um melhor futuro para Portugal.
Um espírito e um compromisso que renovamos com a consciência da imprevisibilidade e volatilidade dos desafios que teremos de enfrentar neste novo ano fiscal.