Inovação
Shazam
A flexibilidade é importante: um conselho para empresários do cofundador do Shazam, Dhiraj Mukherjee
Ao longo deste artigo o cofundador do Shazam, Dhiraj Mukherjee, partilha a sua jornada rumo ao sucesso.
"Fazer shazam." Tal como a Google, Hoover, Photoshop e outros grandes nomes, o Shazam transcendeu a sua própria marca, tornando-se num verbo usado por muitas pessoas em todo o mundo.
Dhiraj Mukherjee é um dos quatro fundadores e tem sido fundamental para a ascensão meteórica da plataforma. Hoje, Dhiraj atribui a longevidade da aplicação ao facto de satisfazer uma necessidade humana fundamental (aquele momento em que uma pessoa precisa mesmo de saber que música está a dar) e à determinação e motivação dos quatro fundadores.
Ultrapassar os obstáculos
Fundado em 1999, o Shazam deixou de ser um serviço baseado em mensagens de texto para se tornar numa enorme plataforma que capta mil milhões de Shazams por mês [fonte: Shazam]. Mas, tal como explica Dhiraj Mukherjee, a construção do Shazam foi um percurso marcado por muitos altos e baixos. Lançaram a plataforma de identificação de músicas num momento em que havia uma grande onda de empreendedorismo baseado na Internet pelo que, tal como os seus pares, esperavam alcançar o sucesso de forma relativamente fácil.
Mas o seu sentido de oportunidade não foi exatamente o ideal.
“Não tivemos muita sorte porque, três a quatro meses antes de arrancarmos com a empresa, a bolha da Internet rebentou, o NASDAQ caiu 70% e a incerteza reinava, pelo que tivemos mesmo de improvisar e pensar com os pés bem assentes no chão”, diz Mukherjee. “E o mesmo sucedeu em 2008 com a grande crise financeira. Quando a empresa possuía bons alicerces e parecia estar no bom caminho, tivemos que voltar atrás e reinventar o modelo de negócio.”
A persistência compensa
A equipa não se deixou abater pelas forças do mercado global. Graças a uma visão realista aliada a decisões estratégicas para melhorar e desenvolver o seu produto, conseguiram superar os tempos difíceis.
E, em 2018, a Apple comprou o Shazam numa transação multimilionária.
Olhando para trás, Mukherjee recorda com saudade a cultura de trabalho. Além de todos os colaboradores terem a mesma visão para produzir o melhor produto possível, havia também um ambiente de diversão. “Todos temos altos e baixos, mas no Shazam concentrámo-nos em garantir que aproveitamos todos os momentos da jornada.”
Construir melhor
Hoje, Mukherjee é um investidor ativo, centrado em tecnologias emergentes e "tecnologia para o bem". Mais especificamente, concentra-se no desenvolvimento de pequenas empresas que são pioneiras em matéria de tecnologias verdes e energias renováveis. Há pouco tempo, investiu numa empresa de geotérmica, apostando no enorme potencial que a tecnologia verde tem a nível mundial.
“Tive o grande privilégio de ouvir Al Gore falar há cerca de 12 anos. Ele era sócio da Kleiner Perkins, que investiu no Shazam. Em cerca de uma hora, Al Gore explicou a todos o que estava a acontecer e fez soar o alarme. Entretanto, tive a oportunidade de o ouvir falar novamente há pouco tempo e ele estava muito mais calmo devido a vários avanços tais como as energias renováveis.”
A prevalência da certeza sobre a incerteza
Então, o que é que a sua experiência de desenvolvimento do Shazam pode ensinar às pequenas empresas da atualidade? Para Mukherjee, trata-se de dar prioridade ao "planeamento para a incerteza", que visa garantir que os planos de negócio prosperam, não obstante todas as mudanças que possam ocorrer. “As pessoas gostam da familiaridade. Querem previsibilidade. Mas o universo não funciona dessa forma”, relembra Mukherjee.
Para Mukherjee, é essencial promover um ambiente de trabalho que possa adaptar-se facilmente à mudança. “Acho que se trata de trabalhar de forma ágil. Ir realizando o trabalho por blocos, ajustando o rumo e definindo as prioridades futuras”, explica.
Pode ser mais fácil de dizer do que de fazer, mas é algo que Mukherjee acredita piamente que todos os proprietários de pequenas empresas já possuem. “Há muitas coisas que os empreendedores não sabem, mas que aprendem à medida que vão avançado. Logo, a capacidade de planear para a incerteza é algo que já faz parte do seu ADN.”
Perspetivar o futuro
Para Mukherjee, o facto dos seus filhos de 8 e 11 anos usarem o Shazam é algo mágico. “Dá-me a melhor sensação do mundo”, afirma.
Claro, o mundo em que o Shazam nasceu é muito diferente do mundo atual. As redes sociais tomaram conta da sociedade. O grau de dependência e de relacionamento das pessoas com a tecnologia aumentou. Mas algumas coisas permanecem constantes e verdadeiras como a nossa necessidade de pesquisar as músicas no Shazam.
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