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Vodafone Stories

Aprender a programar também é coisa de rapariga

Não faças isso porque sujas o vestido, não subas às árvores que não és um rapaz, as raparigas brincam com bonecas. Preconceitos que acabam por influenciar opções futuras. Mas o género não deveria desempenhar funções na escolha de carreira, como as raparigas que aprendem programação no projeto da Vodafone #girlscode têm descoberto.

Os corredores estão vazios. Silenciosos. Apenas aqui e ali se ouve uma conversa, rápida e de passagem. As aulas já terminaram e apenas alguns alunos ainda passam pela Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, na maioria os mais velhos, que ainda enfrentam a época de exames. Custa a acreditar que um grupo de 11 raparigas, do 8º ao 11º ano, dedique uma semana a regressar à escola para frequentarem um curso, adiando um pouco mais as idas à praia e ao cinema com amigos.
Inscreveram-se – algumas ‘empurradas’ pelos pais, outras por iniciativa própria, na tentativa de encontrarem respostas para uma premente escolha de carreira – num curso de programação promovido pela Vodafone.

Chegam tímidas, sentam-se agrupadas de acordo com o grupo de amigas que já faz parte do seu dia-a-dia – afinal haverá local mais territorial do que o liceu? Nos olhares, o misto de timidez e desconhecimento. A maioria não sabe bem o que vai aprender e viver nos próximos quatro dias, num total de 12 horas. Vão aprender a programar, mas afinal o que será isso?

Aprender a programar também é coisa de rapariga

Luísa Santo, a concluir o mestrado de Engenharia Informática, é a professora que guia as 11 adolescentes nesta aventura pela programação

Terão de confiar em Luísa Santo – ela própria ainda uma jovem a terminar o mestrado em Engenharia Informática, com especialização em Inteligência Artificial e Aprendizagem, no Instituto Superior Técnico –, a professora que as vai guiar nesta aventura 100% feminina. Também Luísa despertou para a tecnologia em cursos como este, que fez durante as suas férias letivas, era ainda uma miúda, tal como estas 11 raparigas que agora tem à sua frente.

Há ali um quê de cumplicidade de género. Uma vontade de provar que podem sujar os vestidos, que podem subir às árvores, que podem criar aplicações, que podem dominar a linguagem da programação. Porque essa não é uma linguagem exclusiva do sexo feminino.

Segundo o estudo The Pursuit of Gender Equality, Portugal lidera a lista de países da OCDE com maior número de mulheres a frequentar cursos STEM no Ensino Superior

“Vocês sabem que a linguagem dos computadores se faz toda por zeros e uns, certo?”, comenta Luísa com um grupo de alunas. Pergunta banal para toda uma geração que faz da tecnologia a sua melhor amiga. Telemóveis, apps, computadores, tablets, até a box da televisão – ferramentas fundamentais do quotidiano dos jovens de hoje, como se se tratassem de extensões dos seus próprios braços. Não há jovem que não as trate por tu. E todos sabem que falar de programação é falar dos bastidores de tudo isto que marca os seus quotidianos. O que estas raparigas não sabem – tal como não sabe a maioria dos jovens – é que estes bastidores podem ser bem mais acessíveis do que pensam.

É para deitar por terra todos estes preconceitos – os de género e os da dificuldade da área tecnológica – que serve este programa #girlscode. Por isso, a teoria é pouca, que não há melhor forma de aprender do que com a prática. E é essa prática que marca todos os dias deste curso.

Computadores ligados, o caminho é só um: o site MIT App Inventor, uma plataforma desenvolvida pelo MIT que ensina o b-a-ba da criação de apps, transformando este processo numa espécie de jogo, com um quê de Tetris e um quê de contador de histórias. Carlota, Sara, Mariana, Rita, Luísa, Constança… uma a uma põem os olhos neste site que nunca antes tinham visto e as mãos à obra. 

Duas raparigas divertidas sentadas numa secretária e a mexer em computadores

Durante uma semana, aprenderam-se os primeiros conceitos de programação e construíram-se várias aplicações

Durante uma semana, aprendem os primeiros conceitos de programação, constroem várias apps, desde um tradutor a uma calculadora, uma espécie de Siri, um temporizador e até um jogo com o Super Mario como protagonista. No final, todas partilham uma ideia comum: é muito mais fácil do que alguma vez imaginaram. E quase todas falam em regressar e repetir mais formações em programação.

É certo que não decidiram o seu futuro numa semana em que trocaram as férias por mais aulas. Mas perceberam um pouco de como funcionam todas as ferramentas que usam diariamente. E, acima de tudo, deram um passo no sentido de entenderem que não há profissões masculinas e profissões femininas. Uma rapariga pode fazer o que quiser, tal como um rapaz. Até porque o sucesso não tem sexo.

Sabia que...

STEM é o acrónimo de Science, Technology, Engineering e Mathematics.

Este é um projeto global do Grupo Vodafone. Só no ano de arranque, 2017, cerca de 500 raparigas aprenderam a programar nos 26 países envolvidos. Em Portugal a primeira edição aconteceu em dezembro de 2017, na Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, e desde então tem-se realizado duas vezes por ano.

Segundo o estudo The Pursuit of Gender Equality, Portugal lidera a lista de países da OCDE com maior número de mulheres a frequentar cursos STEM no Ensino Superior. No total são já 57% as mulheres a estudar estas matérias nas universidades nacionais, um valor muito superior à média de 39% apurada entre os países da OCDE.