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Realidade Virtual ao serviço da saúde mental

Realidade Virtual ao serviço da saúde mental

A Immersive Lives, startup que conta com o apoio da Vodafone depois de ter participado na competição de empreendedorismo Big Impact, cria situações reais em Realidade Virtual para ajudar a tratar pacientes na área da saúde mental. Já foram criadas inúmeras aplicações e o sucesso é bem real.

É através de um ecrã e de uns óculos de Realidade Virtual (RV) que alguns pacientes de Marisa Azevedo, psicóloga clínica no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Hospital Júlio de Matos, têm encontrado respostas para as suas incapacidades, sejam de remediação cognitiva, de perturbação de pânico ou de fobias. Neste último caso, por exemplo, os doentes são expostos ao objeto de que têm medo através da RV, que consegue reproduzir com realismo qualquer que seja o tipo de fobia, sejam aranhas, o voo num avião ou uma viagem numa carruagem de Metro. “Através de cenários que mimetizam um pouco daquilo que é o dia do paciente para que, num espaço confortável e com a ajuda do terapeuta, poder ir treinando estas mesmas capacidades”, diz Marisa Azevedo.

Uma pessoa em pé com uns óculos de realidade virtual postos na cara e um comando nas mãos enquanto joga videojogo

Através de Realidade Virtual é possível reproduzir com realismo qualquer tipo de fobia, de forma a que um paciente a consiga superar com a ajuda do seu terapeuta.

Este projeto de RV ao serviço da saúde mental, batizado de Immersive Lives, nasceu pelas mãos de Pedro Gamito, Engenheiro Biofísico de formação, com doutoramento em Engenharia e Tecnologias de Informação, pela Universidade inglesa de Salford. É também Professor Catedrático e Diretor do Laboratório de Psicologia Computacional na Faculdade de Psicologia e Ciências da Vida da Universidade Lusófona, em Lisboa, onde assume ainda a responsabilidade pelo Centro de Investigação HEI-Lab - Digital Human-Environment Interaction Lab.

O projeto Immersive Lives nasceu em 2004 graças ao olhar visionário de Pedro Gamito. Já com algumas dezenas de aplicações em RV para tratamento de perturbações ansiosas, de fobia e estimulação e reabilitação de doentes com défices cognitivos resultantes de diferentes condições neurológicas, o Immersive Lives possibilita simular situações reais num ambiente seguro e controlado pelo terapeuta. “Em 2004, 2005, quando assumi as funções deste laboratório (Psicologia Computacional), reuni-me com o Dr. José Pacheco, psicólogo clínico do Hospital Júlio de Matos, e lançámos um projeto de investigação na área da perturbação pós-traumática para ajudar doentes com stress de guerra a melhorarem a sua qualidade de vida. No âmbito desse projeto, desenvolvemos uma aplicação em RV, em que simulámos um episódio de combate numa picada africana, no qual expusemos os doentes com stress de guerra a estímulos ansiogénicos. Essa exposição é feita em ambiente controlado e com a participação de um psicoterapeuta. Aliás, os nossos projetos de RV são para serem utilizados por psicoterapeutas, só têm valor quando associados a esses profissionais”, conta Pedro Gamito.

“Temos um projeto de investigação na área da perturbação pós-traumática com o Hospital Júlio de Matos para ajudar doentes com stress de guerra. Os doentes são expostos, de forma controlada, a estímulos ansiogénicos num ambiente de Realidade Virtual”

Um projeto de Grande Impacto

Composta por sete investigadores doutorados, onde se inclui o psicólogo clínico Jorge Oliveira, braço direito de Pedro Gamito neste projeto, e dez bolseiros de investigação, que desenvolvem as aplicações que são depois validadas cientificamente, foi há um ano que a Immersive Lives conquistou o apoio da Vodafone, no âmbito do seu programa de apoio ao empreendedorismo nacional, o Vodafone Power Lab e depois de terem participado na última edição da competição BIG Impact.

Apostada em melhorar a vida de mil milhões de pessoas em todo o mundo através de uma sociedade cada vez mais digital, inclusiva e sustentável, a Vodafone procurava projetos tecnológicos inovadores na categoria Enabling People. “A Vodafone ajudou-nos com a preparação de um plano de negócio e, também, a ter uma dimensão empresarial, algo que não temos de todo. A nossa narrativa é académica e precisávamos de a alterar para uma comunicação corporativa, negocial, para lançarmos o produto no mercado”, reconhece Pedro Gamito. 

O projeto já havia sido reconhecido internacionalmente, em 2018, com o Lifetime Achievement Award da International Association of CyberPsychology, Training & Rehabilitation. Não é para menos. Desde 2004 que Pedro e a sua equipa desenvolvem e validam inúmeras aplicações de RV para o tratamento de perturbações de ansiedade e para estimulação cognitiva de pacientes com AVC, TCE (traumatismo cranioencefálico) e perturbações de uso de álcool e opióides, além de fobias. O que começou por ser um mecanismo de ajuda para doentes que sofrem de stress pós-traumático, evoluiu para diversas ferramentas muito úteis, utilizadas por terapeutas nos dois maiores hospitais psiquiátricos e de reabilitação portugueses: o Hospital Júlio de Matos e o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.

Interface de um jogo com uma mão virtual, um comando, uma mesa e uma aranha

O feedback dado pelos doentes é de que a ferramenta de RV é bastante intuitiva e apelativa

“Atualmente, utilizamos esta parceria inovadora para integração nos programas de remediação cognitiva, nos programas de perturbação de pânico e de fobias. Relativamente ao programa de remediação cognitiva, no qual sou responsável pelos doentes bipolares, utilizamos este instrumento em benefício daquilo que são as dificuldades do doente. Muitas vezes, esta população de doentes cursa com défices cognitivos acentuados, o que vai limitar a sua vida no dia a dia. E aquilo que tem sido o feedback dado pelos doentes, é que, para além de ser uma ferramenta intuitiva e apelativa, parece mostrar que há alguns benefícios em termos de ganhos da função cognitiva”, diz-nos Marisa Azevedo.

Outros exemplos concretos vêm através das palavras de Pedro Gamito. “No caso de medos e fobias, a técnica possível para diminuir, ou mesmo extinguir, esses medos é expor de uma forma gradual o doente ao objeto do medo. Em RV conseguimos reproduzir, com realismo, qualquer objeto de medo, que é impossível encontrar no consultório do psicoterapeuta. Substituímos a exposição ao objeto por uma exposição em RV, que é percecionada pelo doente como sendo real”.

Usada como completo aos tratamentos básicos e clássicos nestas patologias, a RV, comenta Maria Azevedo, “tem influenciado a melhoria clínica, no sentido prático da vida do doente, que passou a ter mais confiança naquilo que faz. Agora é necessário fazerem-se mais estudos que corroborem esta indicação”. E conclui: “termos estas novas tecnologias ao serviço daquilo que são as intervenções da psicologia e das áreas da saúde mental tem sido, de facto, bastante útil”.

Sabia que...

O projeto Immersive Lives conquistou o apoio da Vodafone na edição de 2019 do Big Impact.

As aplicações desenvolvidas pela Immersive Lives são usadas diariamente nos dois maiores hospitais psiquiátricos e de reabilitação portugueses.

Big Impact é uma competição de empreendedorismo promovida pela Vodafone Portugal e pela Câmara Municipal de Cascais. Sucessora do Big Smart Cities, a edição de 2019 procurou projetos inovadores que, através da tecnologia, beneficiem a sociedade em todas as suas componentes: social, tecnológica, económica, ambiental.

Desde 2004, o projeto desenvolve inúmeras aplicações de Realidade Virtual projetadas para o tratamento de perturbações de ansiedade e para a estimulação cognitiva de pacientes.

Dados recentes indicam que as consultas online de psicoterapia transitaram de 38% para 95%.

A colaboração entre a tecnologia da Immersive Lives e a conectividade da Vodafone, resultam numa solução chave-na-mão chamada VR Therapy. Mais info aqui.