Da aldeia para o mundo

O rio Sabor passa bem no meio da aldeia de França para nos relembrar que a única constante da vida é mesmo a mudança. Este lugar especial, situado a mais quilómetros de Bragança do que da fronteira com Espanha, já viu mudar tudo. Há umas décadas as ruas eram movimentadas, os campos estavam trabalhados, para ir à fonte havia fila e a escola primária era uma correria pegada. Hoje, o silêncio impera. Ouve-se bem mais a natureza que as pessoas. Volta e meia, um novo e feliz som quebra a rotina: o dos telemóveis – uma novidade com apenas cinco anos para os habitantes desta aldeia.

A aldeia de França era uma das muitas que, já em pleno século XXI, continuava sem rede móvel e sem internet. Uma aldeia fechada sobre si mesma. As pessoas que aqui viviam foram emigrando, a maioria para Espanha, muitas outras para França (o país que com esta aldeia de Bragança só partilha mesmo o nome). As que ficaram, ou que entretanto regressaram, já são de idade avançada. Mas nem por isso se deixaram estagnar: queriam mais. E queriam, sobretudo, conseguir falar a qualquer hora com os familiares que foram para longe.  

Foi por isso que quando Carlos Silva, filho da terra e Presidente da Junta de Freguesia de França – também responsável por duas outras juntas vizinhas, Montesinho e Portêlo – anunciou a implementação de rede móvel e de internet pela Vodafone na aldeia, as duas centenas de ‘franceses’ aplaudiram. 

Com metade da vida passada em Madrid, Carlos soube desde muito cedo a importância de ter um telemóvel com rede e internet na algibeira. “É uma porta para o mundo”, diz. Foi por isso que, no âmbito do projeto Aldeias Femto, e em parceria com a Vodafone, batalhou para conseguir levar à aldeia que o viu nascer o mundo que sabia existir lá fora. Em 2013 conseguiu e França tornou-se uma aldeia pioneira deste projeto.

Hoje, França tem cerca de duas centenas de habitantes que, mesmo no meio da serra, não estão isolados. A maioria tem um telemóvel, que leva consigo para onde quer que vá. Seja para estar sempre comunicável quando estão sozinhos a trabalhar no campo, seja para fazer uma videochamada para o Brasil ou passear no Facebook e trocar mensagens no WhatsApp depois do almoço.