Teleassistência: um clique para combater a solidão

A maioria das vezes que ouvimos dizer “a uma chamada de distância” não temos a certeza de que seja verdade. E, para quem vive sozinho e recorrentemente precisa de ajuda – ou alguém para conversar um pouco -, isso não chega. É o caso da Dona Ema que, aos 92 anos e sem família por perto, depois de uma vida de viagens, vive sozinha na mesma casa de sempre – mas há oito anos mais acompanhada que nunca.

“Uma amiga da minha filha falou-lhe sobre a Teleassistência e ela achou que era boa ideia”, conta em sua casa, com bolo e sumos para as visitas. No caso da Dona Ema, a Teleassistência da Cruz Vermelha serve vários propósitos. Vive sozinha em Lisboa, tendo a única filha morrido há pouco mais de um ano e estando os seus dois netos, já jovens adultos, emigrados. “Os meus netos são uns amores, ligam-me pelo menos uma vez por semana e são espetaculares comigo. Mesmo no estrangeiro, ligam-me sempre. Mas pronto, estou sozinha.” É aqui que entra a Cruz Vermelha.

“Graças a Deus nunca precisei de carregar no botão para pedir auxílio. Tenho umas meninas que tratam da casa e me ajudam durante o dia. Mas, se alguma vez precisar, sei que tenho aqui a Cruz Vermelha pronta a ajudar.” O serviço de Teleassistência da Cruz Vermelha Portuguesa, desenvolvido em 2009 pela Vodafone Portugal, oferece uma resposta imediata em situações de emergência, de urgência, de insegurança e de solidão. Através de um botão, qualquer utente, esteja em casa ou na rua, pode iniciar o contacto com o Contact Center da Cruz Vermelha Portuguesa, onde trabalham 13 operadores por turnos que cobrem as 24 horas dos 365 dias do ano.

O serviço conta atualmente com 1855 utentes espalhados por todo o território nacional que, seja por velhice, doença, incapacidade, isolamento geográfico ou, simplesmente, para se sentirem mais seguros, contam com a Cruz Vermelha. No dia a dia, a Teleassistência serve essencialmente para combater o isolamento, com chamadas regulares dos operadores para os utentes; em situações de emergência, faz chegar de forma tão rápida quanto possível a ajuda necessária. Como nos diz a D. Ema, “é bom saber que posso contar com eles”.

Do lado da Cruz Vermelha está uma equipa de pessoas com uma dimensão humana gigante. A coordenadora deste serviço, Joana Picão, conta que os operadores vêm de áreas muito distintas. “Alguns deles estão ligados à saúde, ao socorrismo ou ao serviço social, outros não; a maioria acaba por chegar até nós enquanto voluntário da Cruz Vermelha. São pessoas que gostam de ajudar. Nem podia ser de outra maneira.” Ali, já assistiram a situações mais complexas, como durante as cheias de fevereiro de 2010, na Madeira, em que conseguiram resgatar uma senhora acamada de morrer afogada em casa. Na maioria das vezes, no entanto, a conversa é mesmo “só” isso: conversa. Não para socorrer ninguém de um perigo iminente, mas para salvar da solidão.